

Está a pensar deixar de trabalhar ou abrandar o ritmo para dedicar mais tempo à sua família?
Sente que os seus filhos estão a crescer e não os está a acompanhar como gostaria? Esta é a minha experiência.
Nos dias de hoje, uma mulher que opta por ficar em casa, nem sempre é bemvista, especialmente pelas outras mulheres. Para mim não foi uma decisão imediata, sempre trabalhei até a minha filha mais nova ter um ano de idade. Não fui educada para ser “dona de casa”, pelo contrário: a minha mãe desde cedo me educou, preparou e alertou para que tivesse sempre a minha independência económica. No entanto, acabou por ser uma decisão natural, tomada em conjunto com o meu marido. Na época, achámos que era o melhor para todos. E foi!
Pude acompanhar de perto o crescimento das minhas filhas, com tempo e disponibilidade para elas, e ainda tinha tempo para mim;
Não precisei de recorrer a ATL ou extensão de horário escolar. Muitas vezes íamos um pouco até ao parque ou praia antes de ir para casa;
Elas puderam sempre escolher as atividades extra, e até hoje praticam desporto com regularidade. Foram ambas atletas de competição (especialmente a mais velha), e pude sempre acompanhá-las aos aos treinos e provas;
Incentivei-as a estimular o lado criativo, e eu própria pude desenvolver o meu; aprendi a fazer muitas coisas para as quais nem imaginava ter jeito, como a costura e muitos projetos DIY;
Pudemos ter um cão- a Maggie foi a primeira- veio cá para casa quando as minhas filhas eram muito pequenas e cresceu com elas. Não teria tido cães se trabalhasse a tempo inteiro;
Nas férias a minha casa transformava-se em campo de férias, tinha sempre no mínimo 4 crianças a meu cargo, e embora cansativo, era uma animação constante. Os miúdos divertiam-se muito cá em casa, como estavam de férias, os horários eram à medida deles, tudo muito descontraído;
Consegui acompanhar de perto o meu pai durante uma doença prolongada, o que seria muito difícil se trabalhasse;
O meu marido teve sempre uma atividade exigente em horários e viagens, por isso foi mais fácil segurar as pontas quando ele não podia estar presente;
As minhas filhas cresceram com segurança, consegui proporcionar-lhes um ambiente estável, organizado e estruturado;
Ainda consegui estudar à noite, fiz uma pós graduação durante 2 anos, com muita ginástica por parte do meu marido, que tinha de ajustar as viagens ao meu horário.
A sociedade nem sempre vê com bons olhos estas decisões, ouve-se muitas vezes a frase: “não faz nada, está em casa” em relação às mulheres que optam por este caminho, várias pessoas me perguntaram (nunca os amigos ), se não tinha intenções de voltar a trabalhar;
Durante anos achei que tinha de ser a Super Mulher, o meu papel era cuidar da casa e das crianças; a maioria das mulheres faz tudo isso e ainda trabalha fora de casa. Fiquei muitas vezes frustrada comigo mesma por não conseguir atingir objetivos traçados;
Tomei a meu cargo muitas tarefas que de outra forma teriam forçosamente de ser repartidas;
Vivi em função dos horários das minhas filhas e tive sempre de ajustar os meus horários e tarefas aos delas;
Ao contrário do que a maioria das pessoas possa pensar, estar em casa não significa que tenhamos tempo para tudo, também é preciso planear e organizar o dia a dia, até porque as idas e vindas com os filhos -escola e actividades- consomem muito tempo;
A tecnologia avançou muito rapidamente, eu nem por isso; só comecei a usar a sério o telefone quando retomei a atividade profissional. Até aí, ele apenas servia para telefonar, e esporadicamente enviar mensagens. Passavam-se semanas sem precisar sequer de abrir um computador….;
Havia dias em que não falava com ninguém a não ser com crianças. Percebi isso muito cedo e precisava do desafio intelectual, li muito sobre vários assuntos, inclusivé sobre aqueles que à partida pouco ou nada me interessam. Foi uma forma de me manter atualizada;
VIVER APENAS COM UM SALÁRIO: Embora financeiramente tenha sido possível viver só com um salário, foi necessário contenção nas despesas, até porque a dada altura o país mergulhou numa crise profunda e todos sofremos com ela.
Ficando em casa poupa dinheiro em: atl, extensão de horários nas escolas e atividades nas férias; transporte para o emprego, alimentação fora de casa, vestuário (não precisa de comprar roupa para trabalhar). Ao ter mais tempo disponível, pode reduzir despesas diversas ao fazer em vez de comprar o produto/ serviço.
Hoje em dia trabalho por conta própria, consigo fazer uma gestão de horários, o que acaba por ser muito importante para a família; embora as minhas filhas já não dependam dos meus serviços de “Uber mamã”, a flexibilidade de horários permite que almocem em casa todos os dias, continuo a manter certas rotinas que criei, como o exercício físico, os passeios matinais com o cão, ou caminhadas à beira mar. Quando começa o bom tempo vou à praia sempre que posso, vou ao mercado todas as semanas, visito feiras e mercados de rua que felizmente proliferaram nos últimos anos;
O Balanço da decisão é francamente positivo, foi esta a forma de viver que escolhi; não é melhor nem pior do que qualquer outra, foi a que resultou para mim e para a minha família.
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